Texto: Gustavo Oliveira
Fotos: Gustavo Oliveira

Como parte da Semana Municipal do Brincar 2023 e em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Instituto Promundo, a Prefeitura de São Paulo reuniu mais de 100 profissionais da rede municipal para refletir sobre os impactos do racismo no desenvolvimento infantil. O evento aconteceu na última quarta-feira, 24 de maio, no auditório do Edifício Matarazzo.

Apresentando o tema “Caminhos para uma Primeira Infância antirracista”, a chefe do escritório do UNICEF em São Paulo, Adriana Alvarenga, abriu o evento agradecendo a todos e enfatizando a importância de o encontro ser realizado nesta semana. “É muito oportuno que esta discussão faça parte da Semana do Brincar, porque o brincar é algo fundamental para o desenvolvimento das crianças pequenas. É importante que na atividade do brincar elas possam conviver com os diferentes, com os diversos, para que eles possam se divertir sem ser vítimas de qualquer expressão do racismo", explicou Adriana, dando início à mesa de abertura.

  

Participaram da primeira mesa o cientista social, mestre em educação e gerente de programas da Porticus (empresa parceira do UNICEF no projeto PIA - Primeira Infância Antirracista) Luis Felipe Serrao, o assessor de gabinete da Secretaria Municipal de Educação (SME), José Roberto de Campos Lima e a Secretária Executiva de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), Elisa Lucas Rodrigues. Durante a mesa que representou o trabalho intersetorial, os participantes explicaram as ações de suas respectivas secretarias e organizações na luta pelo direito das crianças.

A palestra “Impactos do racismo na primeira infância” foi ministrada pela idealizadora do Projeto PIA do UNICEF, Maira Souza. Em diálogo com o público, a palestrante abordou a necessidade de fortalecer a autoestima de crianças negras e indígenas e falou sobre a relação de instituições de ensino com crianças racializadas durante a primeira infância, entre outros temas. “Sem autoestima a gente não tem força. E como a gente se desenvolve sem força?”, indagou Maira. Ainda sobre a importância de levar o tema do antirracismo para a vida de crianças de 0 a 6 anos, a palestrante exemplificou: “Esse é o período da vida em que a gente constrói as bases do nosso desenvolvimento. Se a nossa vida fosse uma casa, a primeira infância seria as paredes dessa casa”.

A última mesa de conversa, "Identidades, branquitude e racismo nas suas várias dimensões", foi composta pelo historiador especialista em primeira infância, paternidade, masculinidade e educação antirracista e diretor adjunto do Instituto Promundo, Luciano Ramos, e pela assistente social, consultora em parentalidade e educação antirracista e criadora de conteúdo digital, Adriana Arcebispo. Através de relatos pessoais, os palestrantes abordaram temas como a paternidade e a maternidade de crianças na primeira infância, a violência obstétrica e a importância da participação de pessoas brancas na luta contra o racismo.

“Eu sonho com um mundo em que as crianças pretas possam viver e se desenvolver plenamente sem serem violentadas e sem serem massacradas pelo racismo”, finalizou Adriana Arcebispo. A mesa também abriu espaço para perguntas e comentários do público.

A gravação do evento está disponível no Youtube do Núcleo da Política Municipal Integrada pela Primeira Infância da Prefeitura de São Paulo, em: https://www.youtube.com/watch?v=O2SCpdNEdIk.

A programação da Semana do Brincar está disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br/semanadobrincar.